Entrada franca!

Entre...pode entrar!!!! Vasculhe tudo!!!!! Se pelo menos durante alguns segundos você parar em algum texto para tentar compreender algo, tentar desvendar o campo semântico de alguma palavra ou até mesmo se emocionar...terei cumprido o meu papel.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O verme nosso de cada dia

Eu te alimento
Todos os dias
Eu cuido de você
Todos os dias
Eu te guardo
Todos os dias
Eu te levo a todos os lugares
Todos os dias
Eu penso em você
Todos os dias
Eu me sinto incomodado
Todos os dias
E a cada parabéns se aproxima
Todos os dias
E a cada choro também
Todos os dias
E a cada receita
Todos os dias
Eu sei
Todos os dias
Você não terá piedade
Todos os dias
Você espera ansioso
Todos os dias
Pelo grandioso momento
Todos os dias
Pois você sabe
Todos os dias
Que tua vida
Todos os dias
Depende da minha luz apagada
Todos os dias
E quanto mais vivo
Todos os dias
E quando mais sobrevivo
Todos os dias
Mais
Todos os dias
Adio
Todos os dias
Tua estreia
Todos os dias
Todavia
Todos os dias
Você só não terá o prazer
Todos os dias
De minha consciência
Todos os dias
Teu sopro se fará em mim
Todos os dias
Vida nova
Todos os dias
De forma voraz
Todos os dias
E todos os dias
Vida
Todos os dias
Vida

E quem disse que homem não gera vida?

Aquarela

Vem de lá
De algum lugar
De alguma esquina
De algum pensar

Vem do céu
Do mar
Dos versos brancos
Vem de Oxumaré

Vem da vontade
Vem do querer
Querer e mais querer
E querendo ainda mais o querer

Vem de você
De mim
De nós
De tantos sós

Agora...
...aglutinação
...justaposição
Branco de Newton

Somos o branco
Queremos o branco
Sejamos o braco
Pratiquemos o branco

De Newton...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

De

Cordão de ouro
Casa de alvenaria
Cama de ferro
Edredon de 300 fios
Telhado de vidro
Chuva de verão
Pão de mel
Pasta de atum
Suco de caju
Pé de moleque
Nuvem de algodão

E eu?



terça-feira, 13 de setembro de 2011

Diferente

Não!
Definitivamente...
...não!

Lembro do primeiro dente que caiu
Lembro do primeiro dia na escola
Lembro da primeira nota vermelha
Lembro do almoço de ontem
Lembro da hora de entrada
Lembro da conta a ser paga
Lembro do que esqueci...
...em algum lugar...
...em algum momento.

Lembranças...
...apenas.

A saudade...
...invade,
transborda,
ignora,
chora,
sorri,
odeia,
machuca,
traduz o não dito,
anuncia o por vir.

Não!
Definitivamente...
...não!




Concretude

Saudade...                                                                      
Gosto disso.

Saudade é certeza
É manter viva a chama
É vida que segue...que foi...

Saudade é...
...concretude.
Feito
Realizado
É assim...
...particípio.

Não importa se bom ou ruim
Não importa o quando
Mas o experimentado...
...o sentido.

Me fascina quando...
...na saudade
Me deparo com pousos e decolagens
ou vezes
barco em mar aberto.

Bobo
Tolo quem acredita
Quem credita
Quem marca "X"
Na abstração da saudade.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Livre pensar

Há textos que nunca serão lidos
Há músicas que nunca serão ouvidas
Há peças que nunca serão assistidas
Há palavras que nunca serão criadas
Há vidas que nunca serão vividas
Há mortes que nunca acontecerão
Há quadros que nunca serão pintados
Há filmes que nunca serão produzidos

Mas os amores...
....ah...
...todos vividos...

Em qualquer lugar
Em qualquer estação
A qualquer tempo.



quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A maior invenção

Computador?
Televisor?
Transporte?
Ponte?
Cristo Redentor?
Carnê?
Celular?
Internet?
Pão integral?
Música?
E etc e tal?

Não...
...nada disso supera...
...a maior criação.

O eu-lírico.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Semiótica do amor

Hoje ensaiei...
Todo o dia ensaiei...
Tudo aquilo...
Tudo o quanto...
Tudo que qualquer mortal
precisa ouvir.

Ensaiei todas as expressões
Todas as palavras
Tudo o que traz, através da audição,
paz ao coração.

Todavia
No meu teatro
Só há um expectador
O grande expectador de meu monólogo...
...eu mesmo.
Eu me assisto e repudio a mim mesmo.
O texto em mim não se fará
E minha estreia
No teatro das falas decoradas...
...minha estreia será adiada...
...mais uma vez.

Peço-te, então, um favor
Assista-me no meu maior espetáculo
O qual estreei num tempo...
...num tempo...
Não importa o quando...
...mas é a minha maior atuação...
Eu...eu tentei...
mas sou demais pantomina..
Sou demais pantonima e o ato da fala
não se fará em mim.
Nunca me relacionei bem com elas...
...via materialização sonora.

Elas tomam meu corpo...
...habitam nele.
Tudo em mim são palavras.
Quando delas me afasto
Quando não prosódia
Sou todo palavras

Leia-me
Decifra-me
Eu...
...todo eu...
...semiótica.

Não faço poesia

Nunca fiz poesia
Poesia não é coisa que se faça
Já fiz massa de bolo
Massa de cimento
Massa de pizza
Massa de empada
Massa de pastel
Mas nunca ouvi dizer
Nunca encontrei disponível
Receita para poesia

Aliás, há uma sim...
...única.
Mas poucos se arriscam
Mas poucos tentam
Poucos experimentam

A poesia está no limite...
...no limite do que é vida...
...do que é morte...
É preciso morrer um pouco...
...e viver isso...sentir...

Mas entenda...que...
...não há 3º dia.
Não é possível.
Neste dia...
...sua alma não te pertencerá mais...

Flores e etc.

Hoje te enviei flores, - disse.
Não as recebi!, - respondeu...
... e prosseguiu...
Será que foram entregar e...
...na hora do almoço?
E por que, então não deixaram...
Olha, você precisa reclamar.
Não é a primeira vez que...

Seu olhar cruzou o meu e...
Apenas sorri
Sorriso de brisa
Sorriu também
Sorriso de sol se pondo

Ah!, disse, com a voz meio embargada...
...os beijos, sim.
Os beijos, eu os recebi.

E naquele instante
Naquele exato instante
Fez-se a poesia.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Vida contemporânea

Final feliz da novela...
...aperta o botão.
O time do coração é campeão...
...aperta o botão.
Deputados presos...
...aperta o botão.
Show de talentos na tv...
...aperta o botão.
Uma nova receita para o almoço...
...aperta o botão.
O filme do ano...
...aperta o botão.
Seu artista cantando...
...aperta o botão.
A economia do país...
...aperta o botão.
Desmoronamentos, assaltos e...
...repousa as mãos.
Paralisa o olhar
E, sem susto, retorna à vida.
E com alegria de filho que chega a casa...
...retorna à vida.

A viagem

Chega
Compra o bilhete
Passa pela roleta
Espera na plataforma
Entra
Pede licença
Pede licença
Pede licença
Sossega
E...
Espaço para o deficiente
Espaço para a gestante
Espaço para o idoso
Espaço para o pedinte
Espaço para o camelô
Espaço para a melodia
Espaço para as sacolas
Espaço para o mau cheiro
Espaço para o perfumado
E...
- Licença, por favorrrrrrrrr...

Desce
Respira
Suspira
Pensa...

Não há, nele, espaço para esse tipo de pertencimento!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Desconstrução

Primeiro foi a porta...
...e apenas um vento frio...
Depois as janelas...
...ainda o vazio...

Deixei-a de lado, dona razão...
Abri a privada
Esgoto..
...depois da descarga...

Comecei pelas telhas
Quem sabe, de outro planeta...
Depois as paredes pintadas de verde
O muro chapiscado
Tudo no chão

Apenas a mesa posta
A tolha
As últimas flores do jardim
O bule
As chícaras
Duas cadeiras

Agora...
...agora...
...faça a tua parte.

E não se importe...
...não rejeite o inverno nele.
Já esteve primavera...
....muitas vezes outono...
E quer ser...
...não sei por quanto tempo....
...mas quer ser...
...quer ter...
verão.



Ando assim...

Ando sem vontade de...
...sem desejo de...
...sem querer...
Cais
Ponto de partida
Ponto de chegada
Folha de ponto
Horário de almoço
Despertador
C.E.P.
Digital
Deus

Antes o...
Mar aberto
Estrada sem fim
Tempestades
Iaras
Sacis
Mandarim
...
etc e tal
Fevereiro no Natal

Ando assim...
....além de...
assim...desejoso...
...de...
mim...
...



segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Para Maria José


Vai
Segue teu destino
Recebe tuas honras todas
Recebe tuas flores e espinhos
Que não te machucam mais

Vai
Porque esse caminho é o certo
Aliás, a única certeza incerta
Para alguns, o desejo, o alicerce da paz
Outros encaram-no com horror...
...horror de si mesmos
Teu nome sôfrego sempre anunciou-a
Desde sempre...semente...
Mas tua vontade adiava

Agora o momento é de leveza
O peso que fica é dos homens
Uma parte tua pertence a eles

Liberta você está, Maria

Sim, é verdade
Confesso
Chorei, choro e chorarei
É o natural...
...como o tempo...
...como o tempo que segue embriagado na arrogância
O tempo é arrogante

Minha única fraqueza, Maria
O choro
Compartilho-a com poucos
Guardo-a comigo...é minha
Mas enquanto resquícios houver
De tua memória na minha memória
Deixarei-a assim...de cara lavada

Isso também não será morte?
Ou será vida?
Não sei...
O que sei...
O que sinto...
...é que a morte é mais para quem fica.